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tour.name = Exposição Rui Filipe
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EXPOSIÇÃO TEMPORÁRIA RUI FILIPE: EM BUSCA DO ABSOLUTO
De acordo com o projeto curatorial de Paula Loura Batista, a exposição parte de um conjunto de obras pictóricas e estudos inéditos que se encontram em depósito no Museu do Neo-Realismo, associados ao vasto espólio artístico, predominantemente documental, sobre a vida e percurso de Rui Filipe e cuja doação ao Museu do Neo-Realismo foi recentemente concretizada pelos herdeiros do artista.
Foram também integradas obras de outras coleções institucionais e privadas, nomeadamente do Museu Nacional de Arte Contemporânea - Museu do Chiado e do Museu Calouste Gulbenkian, bem como de coleções particulares.
A pertinência e importância de constituir o depósito e posteriormente a doação de parte do espólio fundamentou-se, naturalmente, na relevante obra que o artista produziu e que se inscreve no contexto de uma cultura visual neorrealista, à qual acresce uma profunda preocupação humanista do autor que perpassa ao longo de toda a sua produção artística.
É precisamente este o enfoque do projeto, que não se reivindica retrospetivo mas antológico e que pretende resgatar no tempo o percurso de mais de 50 anos de criação artística nas diversas geografias que o pintor percorreu, com fortes reminiscências à terra natal, Moçambique.
EXPOSIÇÃO TEMPORÁRIA RUI FILIPE: EM BUSCA DO ABSOLUTO
De acordo com o projeto curatorial de Paula Loura Batista, a exposição parte de um conjunto de obras pictóricas e estudos inéditos que se encontram em depósito no Museu do Neo-Realismo, associados ao vasto espólio artístico, predominantemente documental, sobre a vida e percurso de Rui Filipe e cuja doação ao Museu do Neo-Realismo foi recentemente concretizada pelos herdeiros do artista.
Foram também integradas obras de outras coleções institucionais e privadas, nomeadamente do Museu Nacional de Arte Contemporânea - Museu do Chiado e do Museu Calouste Gulbenkian, bem como de coleções particulares.
A pertinência e importância de constituir o depósito e posteriormente a doação de parte do espólio fundamentou-se, naturalmente, na relevante obra que o artista produziu e que se inscreve no contexto de uma cultura visual neorrealista, à qual acresce uma profunda preocupação humanista do autor que perpassa ao longo de toda a sua produção artística.
É precisamente este o enfoque do projeto, que não se reivindica retrospetivo mas antológico e que pretende resgatar no tempo o percurso de mais de 50 anos de criação artística nas diversas geografias que o pintor percorreu, com fortes reminiscências à terra natal, Moçambique.
Pescador da Nazaré, 1951
Óleo sobre tela
Coleção particular
Retrato de grande solidez formal que demonstra as qualidades de Rui Filipe enquanto retratista, aliando uma enorme capacidade de uso dos valores cromáticos, alcançando os necessários contrastes.
[Paisagem], 1990
Óleo sobre tela
Coleção particular
Paisagem estilizada posterior a uma série de paisagens onde Rui Filipe nos apresenta um horizonte vasto, coberto de objetos com elevada carga simbólica, alguns dos quais incorporam outras obras
e outros transportam memórias dolorosas.
Sem título, 1988
Óleo sobre tela
Coleção particular
Obra de grandes dimensões cuja figura ocupa quase a totalidade
da tela. Esta é das obras em que Rui Filipe certamente trabalhou incansavelmente com a espátula, na aplicação das camadas matéricas. Quanto mais nos aproximamos da tela mais a figuração
se evade e surge a textura, a densidade matérica que “apetece tocar” como refere o pintor.
Manifestação, 1975
Óleo sobre tela
Coleção Herdeiros de Rui Filipe
Em depósito no Museu do Neo-Realismo
Uma multidão enche plenamente a superfície da tela, unida numa causa comum e perfaz desta pintura uma só bandeira, prenhe de vermelho.
Paisagem, 1972
Óleo sobre tela
Coleção particular
Composição abstrata é o título que o pintor dá a uma pintura muito semelhante a esta da mesma época. A incursão por uma abstração formal é deste período, se bem que Rui Filipe não queira ser catalogado como figurativo ou abstrato, gosta de se mover à margem de classificações estanques.
da paisagem, coberta de pedras e de horizontes incertos.
[Coluna Humana 2], 1983
Estudo
Carvão e óleo sobre papel
Coleção Herdeiros de Rui Filipe
Em depósito no Museu do Neo-Realismo
As colunas humanas são estudos para um tríptico de pintura sobre tela que pertence a uma coleção particular e que se expõe verticalmente, cada uma das pinturas sobre a outra, necessitando de um pé direito muito elevado. Trata-se de composições figurativas de humanos que pretendem subir mas não se vislumbra qualquer possibilidade de libertação nessa ascensão. Num plano superior os que chegam mais próximo do final apresentam-se petrificados perdendo a condição humana. Castigo por ambição desmesurada ou castigo como penalização face à impossibilidade de se atingir estádios superiores? Ou ainda, castigo divino? São inúmeras as questões que estas composições suscitam.
Carrossel, s.d.
Estudo
Carvão e óleo sobre papel
Coleção Herdeiros de Rui Filipe
Em depósito no Museu do Neo-Realismo
Um estudo que surpreende por ser de maiores dimensões que a pintura a que dá origem. Um estudo que apresenta um cromatismo vibrante e diversificado cuja salvaguarda é possível em contexto museológico, com o indispensável contributo das áreas disciplinares de conservação e restauro.
Casas, 1954
Óleo sobre tela
Museu Calouste Gulbenkian – Coleção Moderna
Inv. nº 58P1114
Originalmente intitulada Place Ste. André des Arts, trata-se de uma pintura realizada na segunda estadia de Rui Filipe em Paris, em 1954. Descreve em entrevista da década de 1990 como surgiu este quadro: “estando no Hotel Saint Michel na Boulevard Saint Michel, percorri a pé as ruas da Rive Guache profundamente fascinado pela cor ambiente de um cinza quente” (…) “trazia comigo permanentemente um blocozito de papel no bolso e uma esferográfica BIC, um dia descobri Place S. André des Arts e fiz um esboço” (…) “no regresso ao hotel peguei nos materiais que tinha e pintei esse quadro de memória”*.
Foi apresentada na I Exposição de Artes Plásticas da Fundação Calouste Gulbenkian na Sociedade Nacional de Belas Artes, tendo sido adquirida pela Fundação Gulbenkian logo após a exposição. O esboço original está exposto em vitrine, na presente exposição.
*[Luísa Cândido de Figueiredo], “Um dia passado com o pintor Rui Filipe…”, trabalho escolar, posterior a 1994, Coleção Museu do Neo-Realismo, MNR ESP/ART/C4/DB.3.1/3
Mar e Areia, [1980]
Óleo sobre cartão
Coleção particular
Existe uma pintura de maiores dimensões muito semelhante intitulada Mar e Areia, de 1983. Estamos perante a dimensão
da paisagem, coberta de pedras e de horizontes incertos.
Figura de Cegos Músicos, [1952]
Estudo
Carvão sobre papel
Coleção particular
O estudo remete indubitavelmente para uma das figuras que compõem a pintura Cegos Músicos, que foi apresentada na exposição do SNI em 1953 e que atualmente se encontra incorporada na coleção do Museu Nacional de Arte de Moçambique. Existem desta linha temática, mais duas pinturas, a do Cego Músico de 1952 da qual se desconhece localização e El Ciego, agora exposto.
Monstro, 1975
Óleo sobre tela
Coleção Herdeiros de Rui Filipe
Em depósito no Museu do Neo-Realismo
Pintura que parece extravasar o âmbito dos trabalhos de Rui Filipe, pelo forte cariz surrealizante, sem paralelo imediato na obra, pelo menos com esta dimensão e expressão. Neste período abundam as multidões, os grupos, a humanidade, os coletivos, as mulheres. Esta obra surge-nos inusitadamente, numa atitude expectante e em tons claros que contrastam com a paleta mais soturna do artista.
[A Notícia], 1960-62
Óleo sobre tela
Coleção Herdeiros de Rui Filipe
Em depósito no Museu do Neo-Realismo
Pintura que esteve durante muitos anos enrolada, considerada Estudo e que agora tomou o seu lugar. Em torno da notícia, do periódico, reúnem- -se as figuras, em escuta atenta. Existindo um elevado nível de analfabetismo em Portugal esta será uma representação verosímil da realidade do quotidiano da sociedade portuguesa da época. Associou-se nesta exposição um conjunto de desenhos realizados por Rui Filipe em papel de jornal, que não parecem constituir apenas um mero suporte de desenho já que num dos casos o recorte que reporta as trágicas Cheias de 1967 (exposto agora em vitrine), foi reproduzido e ampliado pelo artista cremos que com intenção de preservar para memória futura.
Fuencarral, 1953
Óleo sobre tela
Museu Nacional de Arte Contemporânea-Museu do Chiado
Inv. nº 1694
Rui Filipe denuncia aqui a aprendizagem obtida com Váquez Díaz (1948-1951), aprofundando as anteriores lições de Dordio Gomes. Enorme sentido de volumes, de valores cromáticos e optando por uma simplificação e jogo de planos, a composição obtida é de grande qualidade plástica. Apresentado na exposição do Prémio Jovem Pintura, na Galeria de Março, em 1953, recorda José Augusto-França em 1965: “Rui Filipe avantajava-se nitidamente com o seu quadro Fuencarral (que foi avisadamente comprado pelo Museu de Arte Contemporânea) uma das melhores peças da exposição”*. Integrou outras exposições neste período: primeira exposição individual em Portugal, no SNI, Palácio Foz, Lisboa, março de 1953; I Exposição de Artes Plásticas da Fundação Gulbenkian, 1957 (na SNBA).
* In “Colóquio-Artes” nº 34, Junho de 1965, p.38.
Mulher em Azul, [1953-54]
Óleo sobre platex
Coleção particular
Começa-se a evidenciar um tratamento diferenciado na figuração, neste caso numa estilização modiglianiana, bem como a opção por uma paleta taciturna. De facto, os valores cromáticos escurecem e tornam-se soturnos, contrastando com a pintura da menina com peluches, que se apresenta próxima desta.
Casas de Paris, 1953
Óleo sobre tela
Coleção particular
Originalmente identificado pelo artista como Manhã de Neve em Paris, trata-se de uma composição bem conseguida e de valores cromáticos mais subtis. Os estudos a carvão intitulados Apontamentos de Paris, cedidos para a presente exposição (em vitrine) denunciam o trabalho preparatório e de grande rigor técnico que Rui Filipe empreendeu nesta obra. cromáticos, alcançando os necessários contrastes.
[Multidão a subir o muro], [1980]
Pastel sobre cartão
Coleção particular
O muro, a sua intransponibilidade, seja pela altura, seja pela força que as figuras desesperadas impelem a quem sobe, ou puxam para baixo. Trata-se de uma obra de uma intensidade narrativa que pode remeter para questões atuais: as barreiras e os novos muros que se erguem, têm aqui expressão.
Ferreiro, 1958
Óleo sobre tela
Coleção particular
Esta composição evidencia a versatilidade do pintor, a diluição
da figuração, uma certa libertação de cânones academizantes. Relativamente ao tema, o trabalho, é aqui abordado através de
uma profissão que convoca a dureza, o trabalho pesado e artesanal.
Excerto áudio de entrevista do artista sobre exposição de 1990 na rubrica Artes e Cultura do Telejornal da RTP.
A contemplação da obra de Rui Filipe implicou desde o início da conceção da exposição um espaço intimista que possibilitasse a fruição dos registos das obras realizados pelo próprio artista, ora em fotografia a p/b (numa primeira fase), ora em diapositivos a cores, que ao longo da sua carreira foi arquivando. “Trabalho de Arquivo” que Rui Filipe empreendeu não apenas para a gestão da obra mas para documentação e memória da sua criação artística, quiçá em jeito de reflexão, dada a sua preocupação em aprofundar sempre a técnica e a pesquisa em torno das possibilidades da cor e da matéria no seu processo criativo. Estamos certos disso, tal o empenho e cuidado que teve em reunir mais do que um milhar de bens documentais e da mais variada índole no espólio que a família doou em 2019 à Câmara Municipal de Vila Franca de Xira para incorporação no Museu do Neo-Realismo.